12.8.10

Inrespirar

Eu inrespiro.
Foi raro, mas agora acontece frequentemente.
Acontece mais por causa do frio do ar condicionado, do chá mate e do outono.
Acontece quando a paixão inunda meus pulmões e me sufoca.
E eu morro por alguns segundos/momentos/minutos/infinitos.
É porque hoje é quinta-feira, ou por causa da sua camisa xadrez, é por causa da poeira nos livros que eu engulo tentando abstrair alguma genialidade.
Acontece a-cada-vez que eu atravesso a ponte.
Quando eu olho pros meninos da escolinha de futebol de praia, quando eu compro um jornal, quando eu amo uma amizade.
É como se eu estivesse coberta, mas agora estou à flor da pele, como diria nosso querido amigo.
É porque eu queria aprender violino, e porque os Smiths tocam tão bem, mesmo ninguém ouvindo, eles continuam, e eu os ouço andando na praia (no pensamento, porque na verdade eu estou little morrendo na minha janela).
É porque o porteiro troca experiências de amor com o pedreiro da reforma, é por causa do mar chegar tão perto que quase entra na rua e alaga os ciclistas.
A cada vez que isso acontece, e especialmente porque é quinta-feira, eu inrespiro.
E eu vou morrendo a cada segundo/momento/minuto/infinito, até me entregar completamente à idéia de amar simplesmente, e esquecer de respirar.