28.4.11

Mea Culpa

Não te culpo por nada.
Já culpei demais, não mais.
Não te culpo pelo ciúme e inveja
nem pela insegurança
não te culpo.
Não te culpo por não estar, e todos perguntarem (e eles perguntavam)
onde estavas, nem por isso.
Meu bem, podia ser diferente
mais humano, mais coração.
Mesmo assim não te culpo.
Seria até bom culpar alguém
(só me vem você à mente)
pra desencargo
mas não te culpo.
Não te culpo por nada
nem mesmo pelo não-telefonema
ou pelo não-sorriso. Não culpo.
Mesmo sendo tua a culpa
mesmo tendo os que dizem
(e eles dizem)
que foi você, não o culpo.

Pois mais amarga é a minha culpa
de não ter culpa alguma
e me sentir culpada.

1.2.11

Hereditariedades

Ser como você
de estar sempre pronto
sempre belo
sempre constante.
Ser desse jeito
traiçoeiro, irritante
cruel e ainda amado
esquecer dos amigos
e família
e não ligar de ser esquecido.
Se justificar
e acreditar.
Te fujo tanto,
fujo de ser assim desentendido
inaconselhável
completamente desejável.
Fujo tanto que a minha vontade
de não ser
se esqueceu, se perdeu nos dias
e eu me tornei assim:
exatamente igual a você.