8.12.16

Leite Derramado

De repente sinto nojo. Nojo da nossa conversa, do nosso olhar, da nossa distância. Preciso falar até expulsar esse demônio. Preciso te abraçar até que acabe, e você me sinta, pura e verdadeira.

Mas não o faço. Fugirias de mim, e do meu demônio.

Vai embora, tá cansado. Também estou. Não do trabalho, não de viver, mas de tí. De te ver e não poder saciar essa fome insana. Cansada de fitar o seu olhar vazio, e de tentar captar qualquer sinal de comunicação em que eu reconheceria em tí o mesmo demônio, em vão.

Porque não consegues me entender!? Não sentes essa aflição, esse peso no ar? Essa neblina e esse abismo de escuridão?

Não sentes pois teu demônio é de silêncio, é de angústia. O meu é de grito.

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